Por que as pessoas estão com raiva do preço que um fotógrafo cobra?
Não é só sobre dinheiro. É sobre ego, ignorância, referência perdida — e um mercado que se sabota. Este texto é pra quem cobra, pra quem julga… e principalmente pra quem ainda não entendeu o que está comprando.
Luis H. Minaré
8/5/20252 min read


Sim, raiva.
Não é só discordância.
É um incômodo visceral. Uma mistura de surpresa, desvalorização e julgamento.
Mas... já parou pra pensar por quê?
Porque a fotografia virou “acessível demais” — só na aparência
Hoje, qualquer celular faz “fotos boas”.
Todo sobrinho tira retrato.
Todo app promete resultados profissionais.
O problema é: acesso à ferramenta não é acesso ao saber.
Mas o público perdeu a referência.
Não sabe mais diferenciar imagem boa de imagem poderosa.
Só vê a estética superficial — e julga o valor pelo “tempo de clique”.
Porque não entendem o que estão pagando
A maioria ainda pensa que está pagando:
- pela sessão
- pelo equipamento
- pelo tempo
Mas o que um fotógrafo sério entrega:
- escuta ativa
- direção emocional
- iluminação correta
- técnica refinada
- tratamento individualizado
- e principalmente: valor simbólico, emocional e estratégico
As pessoas não têm raiva do preço.
Elas têm raiva daquilo que não entendem — e não sabem mensurar.
Porque o próprio mercado banalizou o ofício
Quantos profissionais se rebaixaram a “pacotes com 100 fotos editadas por R$100”?
Quantos entregam sem contrato, sem curadoria, sem mínimo de briefing?
Quando a régua baixa — o preço alto vira alvo.
Mas custo baixo consegue fazer a mesma entrega? É óbvio que não. E são gerados mais clientes desapontados com os resultados.
Quem cobra com dignidade parece “arrogante” perto de quem cobra pela sobrevivência.
Porque confundem arte com favor
Fotografia, principalmente quando envolve pessoas, toca autoestima, ego, insegurança, vaidade e identidade.
É íntimo.
E quando algo íntimo é cobrado — incomoda.
“Mas foi só uma fotinha...”
“Mas nem deu trabalho, né?”
“Mas você gosta do que faz…”
Amor pelo ofício não anula valor do ofício.
Porque nunca foram educadas a entender imagem como construção de valor
Enquanto ninguém educar o público a enxergar:
- fotografia como ferramenta de autoridade visual
- retrato como espelho da autoimagem emocional
- imagem como peça-chave de posicionamento e conversão
... continuaremos vendendo arte para quem só vê pixels.
Conclusão
As pessoas não têm raiva do seu preço.
Elas têm raiva da própria ignorância — e projetam em você.
E ninguém gosta de ser chamado de ignorante, mas quem não é?
Eu sou um completo ignorante no ofício de um neuro-cirurgião, e em tantos outros, mas sei disso e aceito muito bem.
A saída não é baixar.
- É educar antes de vender.
- É se posicionar antes de apresentar proposta.
- É transformar o olhar do cliente antes da primeira foto.